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sexta-feira, 30 de abril de 2010 | |

Existe um livro chamado “Conversas pra quem gosta de ensinar” de Rubem Alves; eu nunca li, mas por diversas vezes não resisti à tentação de comprar alguma obra de Rubem Alves durante visitas à livraria – costumo dizer que algumas de suas obras, quando lidas, fazem-nos sentir golpeados pelo vento das quatro da tarde em meio a altos eucaliptos, e ainda, é inevitável sentir aquele cheiro verde arrastado por esse vento, que parece ser carregado pelos raios de sol que passam entre os altos e pálidos troncos de eucalipto.

Se eu tivesse a oportunidade de conversar com Rubem Alves eu faria um pedido. Pedia que escrevesse um livro com a seguinte temática, “Aprender a conversar e aprendendo com conversas”. Isso por que eu tenho plena convicção de que em uma boa conversa é possível aprender, não só retendo o que o outro “ensina”, mas também retendo em si mesmo o que o outro “incita”. Em uma conversa virtual (via scrap) com um amigo chamado Jonas Jácome, proeminente estudante de letras e direito, tive a oportunidade de questioná-lo diante da sua afirmação axiomática que reproduzo na integra:

As palavras são uma mera representação da realidade, não são a realidade em sua completude. Referem-se tão somente aos precários usos interpretativos lexicais de um determinado povo e lugar. Portanto partindo desse princípio: a Bíblia objeto positivo confirmativo das ações existências deusisticas* seria apenas um livro como qualquer outro −ínfimo e limitado ante a flexibilidade do código simbólico verbal (o pensamento da humanidade – materializado neste mundo tão somente através da linguagem), e a constante leitura ativa das construções frasais. Não estou aqui para levantar a bandeira do Materialismo Imanente descrendo assim o Idealismo Transcendente. Mas sim, para mostrar o caráter múltiplo e qualitativo das coisas em si e a limitada leitura que fazemos delas quando as trazemos para nossas falas, fato este que nos demonstra a necessidade de considerar como e quais fatores contribuíram para o estabelecimento de “Deus” como causa primeira.

[...] o discurso é moldado de acordo às vontades de que esteve ou está no poder, ou seja, a bíblia é um instrumento de legitimação do poder religioso. Logo ela está apta ser interpretada ao bel-prazer de quem a usa, e faz dela base para um poder relativo ao meio em que está.

Sem mais delongas.

Eu poderia simplesmente contestar essa afirmação demonstrando o salto pressuposicional incoerente que relaciona a construção lingüística de um grupo de indivíduos, influenciada por, sua história, tradição, cultura, espaço geográfico e a influência do dialeto de outros grupos, com a sua convicção quanto a uma realidade transcendental que muitas vezes se fundamenta na experiência prática de alguns “privilegiados”; essa convicção se perpetua no arraste da história, e no fim, também vai fazer parte de todas as facetas supracitadas que influencia a construção lingüística do mesmo. No entanto, é fácil observar esse salto, tendencioso por sinal, segregando o significado dos sinais correspondentes à escrita em seu enlaçado normativo, do significado nato do sinal em seu contexto cultural e histórico que reproduz apenas o evento em si, seja ele um fato histórico lançado ao conhecimento da posteridade, ou, o registro de uma dada vontade ou pensamento pessoal prosaico a todos.

Não são as palavras que são uma mera representação da realidade, antes delas, são as nossas idéias - gestadas por nossas qualidades sensoriais, que são gestoras dessas palavras - que são, aí sim, meras representações da realidade. Não vou entrar em uma longa parafernália epistemológica, mas é preciso se ater ao fato de que, não são as palavras que são incapazes de demonstrar a essência da realidade em sua completude, somos nós mesmos com nossa incapacidade de descrever o real pelas vias imperfeitas dos sensores empíricos que nos constituem.

Durante séculos, a busca pelo conhecimento pleno da realidade levou grandes homens a perscrutarem o mundo das teorias, das construções teóricas que relacionam as nuanças do conhecimento, levando a uma gama de explicações acerca da existência física – porém, nenhuma dessas explicações trouxe satisfação, escrutinando ainda mais a nossa insuficiência. Mas essa insuficiência mais evidente do que o nariz na própria cara, nada tem com a significação do código verbal, e sim com o conhecimento da “coisa em si”, como chamava Kant a realidade. A questão é que, as construções frasais citadas no texto contestado, são sim limitadas a flexibilidade do código simbólico verbal, mas somente quando essas construções estão fora da realidade espaço-temporal inerente a ela, ou seja, desvinculadas do registro histórico, da herança passada pelas vias convencionais históricas.

Não pretendo argumentar acerca da utilização da Bíblia - com letra maiúscula, assim como corretamente foi escrita diante de seu grau de importância pelo crítico, até por que tenho quase certeza que isso foi fruto de uma consciência inata em identificar a autoridade das coisas – enfim, argumentar sobre sua aceitação como fonte histórica, pois isso seria contrariar outra consideração por parte da pedantesca soberba humana, a que Ela não é. No entanto, o objeto bíblico como registro não é simplesmente aceito “às cegas” como palavras provindas de uma revelação, mas possui corroboração das ciências aceitas como universais que legitimam e dão confiabilidade mesmo em meio a tantos contestes; mas eles devem ser aceitos não como meras representações simbólicas de uma dada linguagem, vazias em si e sem significado. As palavras, no caso do registro histórico, são extensões dos eventos ocorrentes na linha do tempo, e seu significado completo vem em permuta entre a significação verbal e os fatos históricos alocados na dimensão espaço-temporal. E é nisso que tais palavras se tornam dignas de confiabilidade; e não é nisso que o cristianismo é atacado, mas sim na especulação dos fatos, e não no registro bíblico verbal em si.

O ataque voltado aos fatos quando os mesmo são especulados podem servir como um tiro no pé de quem honestamente se propõe a inspecionar esses fatos. Foi o caso de William Ramsay, um químico cético do século XVII, que se tornou cristão depois de viajar ao oriente médio a fim de por em escárnio o registro dos “fatos” bíblicos.

A questão é que, o hastear da bandeira materialista é inerente a qualquer tentativa de por no banco dos réus toda construção teológica, histórica e antropológica da Bíblia. No máximo essa bandeira possui o selo “made in China” literalmente quando esse materialismo vem romantizado com as concepções holística do universo da filosofia oriental, que teima (aí sim é fácil prever o absurdo mediante a ótica das ciências universais supracitadas) em por a mente humana como entidade metafísica conectada com todo universo físico.

O que deixa o homem perdido na existência, sendo muitas vezes possível, e há quem consiga ser capaz de duvidar da existência de si mesmo, é o caráter múltiplo e qualitativo das “coisas em si”. E isso nos faz corretamente questionar acerca dos fatores que levaram a convicção de Deus como causa primeira. O problema é que, seja esse argumento usado pelo materialista ortodoxo ou pelo materialista romântico, é um ataque contra o próprio materialismo em todas as suas vertentes, por que lança a todos no poço escaldante do ceticismo. David Hume, em meio a tentativa dos empiristas ingleses de dar o crédito, hora a matéria como forjadora da desconhecida fisiologia da mente por parte de John Locke com sua tábua rasa; hora à mente, com sua significação dada aos eventos por meio das sensações por parte de Berkeley; levantou uma questão que até hoje é uma íngua nas axilas do cientificismo, que é, a extrapolação de um conhecimento singular a um dado sistema para todo universo, tornando tal modelo representativo da realidade uma verdade universal.

Kant tentou resolver tal problema epistemológico; Hurssel com sua fenomenologia em similitude; no entanto, ainda sim a lacuna persiste. Mas deixando de lado essa delonga epistemológica, é possível utilizar a própria evidência científica, que em si não traz nenhum sentido para a existência, mas simplesmente explicam os processos mutativos da matéria, de sua ordem à desordem, seus balanços energéticos que em tudo está envolvido; mas a evidência cientifica aponta pra existência do próprio universo, ou seja, ele existe e está aí. Foi justamente esse ponto que levou Antony Flew, filósofo e professor de Harvard, a escrever o livro “Um ateu garante, Deus existe” (Ediouro), saindo do típico ateísmo pós modernista para uma posição não menos satisfatória para o cristianismo, que foi o deísmo. Porém, tal “avanço” de Flew serviu pra demonstrar que, apesar da insuficiência das qualidades sensoriais humanas em conhecer a “essência das coisas”, como dizia Hurssel, as essências das coisas existem, simplesmente não a conhecemos. Em linhas gerais, nos leva a convicção de que o universo existe, e não vivemos utopicamente em bolsas nutritivas servindo apenas de horta energética para as máquinas que dominaram o mundo – isso segundo a visão Matrix.

Sobre questões epistemológicas pretendo divagar sobre isso com mais calma e cautela, tratando do tema em específico. No entanto, afirmar que o discurso está moldado a quem está no poder é uma pretensão baseada numa vontade de que assim seja, e não na observação e aceitação dos critérios que estabelecem uma teologia. É fato que há uma relação intrínseca entre poder dominador e modo de pensar do dominado, mas as bases teológicas e todo arcabouço da filosofia cristã está longe de dominar, não a sociedade em sua gestão comum no social com seus valores, mas longe de estar dominando o que podemos chamar de condição humana inerente.

A filosofia cristã está entrelaçada em cada nuança da sociedade pós moderna em geral, sendo progenitora de várias flutuações até em sociedades que não são, hoje, naturalmente cristãs; diante disso, “é possível negar que o veja, assim como é possível negar todos os imperceptíveis estímulos intranervosos que constituem o pensamento”, o problema é quando passamos a negar o próprio pensamento.

Dedico essa postagem ao Jonas Jácome, rsrs.

O que é o que é... A gravidade?

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Entrar na universidade aos onze anos e publicar uma tese de doutorado aos dezesseis parece impossível para lógica educacional convencional; mas não para a lógica do físico imaginário Sheldon Cooper no seriado The Big Bang Theory. Sua sistemática exacerbada aliada a sua perspicácia analítica ilimitada, ambas adoçadas com boas e concentradas doses de egocentrismo e soberba, o indicaram para o que chamamos hoje de o mais audacioso intento científico-teórico, e depois experimental, da história da ciência: O intento da unificação na física.
Talvez seja desnecessário divagar historicamente nas fases que resultaram no despontar do almejo de trazer à compreensão humana um caráter determinístico para o universo em seus eventos intrínsecos. No entanto, vale citar que foi na concepção quase completamente filosófica do matemático Laplace com seu princípio determinístico para os estágios do universo, que a física se inspirou a fim de tornar tangível à limitada cognição humana essa idéia que hoje oscila entre o pessimismo e o otimismo de um suposto êxito. Mas uma questão que me inquieta, e que parece não tocar o ego do Dr. Cooper, é a fundamentação epistemológica dessa tentativa; isso num sentido bem simplista, visto que não pretendo discutir sobre toda unificação, mas tomando dela um exemplo simples e prático de desacordo teórico, e ainda, a busca tendenciosa por querer enquadrar a realidade na vontade própria de que a mesma assim seja, ou seja, unificada, tendo na história pontos que indicam a consciência dessa possibilidade, mas que ficaram abafados pelo burburinho dos que trafegam por essas vias científicas. Esse desacordo está longe de ser corroborado pela retirada de um paradigma a fim de dar lugar a outro, como propõe Thomas Kuhn; será fácil perceber que é a busca pela retirada do paradigma idealista em função do paradigma sensualista, ou seja, materializando ainda mais o universo material, que fundamenta a vaidade inoculada na humildade fingida de que estamos soltos no acaso probabilístico quântico, porém, sozinhos na existência.
A evolução da compreensão da gravidade é um bom exemplo desse desacordo, por que nesse processo, está envolvido todo emaranhado teórico científico de teorias fenomenológicas e construtivas que tentam não só dar uma definição de gravidade, como também, quem (como entidade física) é responsável pela existência da mesma. Analisar essa evolução, por intermédio de uma ótica epistemológica tendo em vista o choque dos eventos físicos com as qualidades empíricas do observador, tem se mostrado um processo nada fácil, e por que não dizer impossível, para inteligência humana. Como assim demonstra à história da ciência que nunca, por intermédio humano, conseguiu dar uma explicação e definição da realidade das coisas existentes, os noumenon, a “a coisa em si”, as essências, seja lá qualquer terminologia dada à realidade em si, mas que para nós incontestavelmente é realidade aparente.
Como o problema da unificação da física se encontra na conciliação entre a matemática clássica do evento da gravidade (aparentemente evento do macrocosmo) e a matemática probabilística quântica do princípio da incerteza de Heisenberg (aparentemente limitado ao microcosmo), ao que parecem, os esforços tem se concentrado na tentativa de enquadrar a gravidade na idéia, e dar a ela uma roupagem matemática que torne possível tal unificação. No entanto, segundo o Dr. Sheldon Cooper da vida real, Stephen Hawking, o erro pode se encontrar tanto na teoria da relatividade como na teoria quântica, e em penúltimo caso, em ambas; então, o que se trabalhou nessa idéia até hoje não passaria de uma miragem, seja ela proveniente do universo ou então, da incapacidade humana, o que estaria perfeitamente enquadrado na evidência do distanciamento epistemológico que a ciência natural se proveu, dando lugar a auto confiança no ser em intelecto e experiência, resultando na aparente coerência entre ciência natural, naturalismo e materialismo. Em último caso, esses erros podem vir de Deus, como questionara Descartes; no entanto, essa premissa seria incoerente diante da concepção metafísica de Deus, que nada tem com o sádico cósmico que se deleita na apedeutíce humana, que é o deus que nos enganaria com esse erro.
Tudo começou...
Ao contrário do que pensam, a força gravitacional não foi parturiada na história fictícia de que uma maça caiu na cabeça de Isaac Newton. A existência da gravidade já havia sido promulgada por Galileu nas suas experiências com corpos rolando em planos inclinados, no entanto, foi por base na premissa de Galileu de que a natureza poderia ser descrita pelas vias matemáticas, que Newton deu à gravidade o adjetivo de força, fundamentando-a assim na posteriormente chamada mecânica clássica newtoniana, que ao contrário do que alguns pensam ser a confirmação ou complemento aprofundado das teorias de Johannes Kepler com sua gravitação universal, é um refutamento à descrição geométrica da trajetória dos corpos celestes como sendo elípticas. Para Newton, são quase elípticas.

É nítido que as facetas genuínas da entidade gravidade foram sendo forjadas afim de tentar estabelecer uma unificação. Vejamos a seqüência de idéias:

Por uma concepção mecanicista clássica de gravidade.

Força Gravitacional (Newton) - F = (G M/R²) m. Se g = G M/R² teríamos p = mg, onde M é a massa da terra; G é a constante gravitacional que é elevada a um fator menos onze; R é a distancia entre os corpos; m é a massa do corpo secundário; g a gravidade e p o peso do corpo no tratamento convencional.

Espaço-Tempo (Einstein) – Considera o espaço-tempo curvo, ou arqueado pela distribuição de massa e energia. Insere o conceito de “geodésica”, que é a menor distancia entre dois pontos no espaço-tempo quadrimensional, no entanto, se mostra curvo no tridimensional. Um bom exemplo é a trajetória da terra em torno do sol; a teoria prevê que a grande massa e energia do sol arqueiam o espaço-tempo de tal forma que a terra segue uma trajetória em torno dele sempre reta no espaço-tempo quadrimensional, porém, na nossa percepção tridimensional a trajetória é curva.

Por uma concepção mecanicista moderna de gravidade.

Supergravidade – A gravidade se origina a partir da combinação de uma partícula elementar de spin-2, chamada gráviton, com novas partícula de spins, 3/2, 1, ½ e 0. Um gráviton é emitido por um corpo e sendo absorvido por outro, resultando assim em uma interação gravitacional.

Teoria das cordas (Uma das pesquisas do Dr. Sheldon Cooper) – Propõe que uma partícula ocupa um ponto no espaço a cada instante do tempo, resultando numa linha no espaço tempo. Essa linha é justamente a corda que descreveria sua história no espaço-tempo como uma superfície bidimensional. A emissão ou absorção de uma partícula por outra corresponde à divisão ou reunião de cordas. A presença do gráviton se dá na formação de uma rede de “cordas” que ligam ambos os corpos envolvidos, ou seja, sua história no espaço-tempo formaria uma espécie de encanamento que ligaria os entes envolvidos na atração gravitacional.

Nem uma nem outra. Ou as duas juntas.

Teoria Quântica Gravitacional (TQG) – A gravidade seria formada por uma força residual ocorrida pelo mau balanceamento entre as forças nucleares e a força colombiana. De outro modo, a falta de simetria dos fenômenos eletromagnéticos atômicos resultaria na formação do espaço tempo em torno do átomo. Se esse fenômeno ocorrer em cada átomo, o efeito cascata é inevitável, formando a gravidade de um corpo macro.

Entre essas propostas, a única que não foi forjada a fim de ser testada na unificação foi a teoria newtoniana. Todas as outras possuíram um intuito tendencioso em que cada uma delas é demonstrada experimentalmente em alguns pontos, e em outros, simplesmente não funciona; é como se elas – e ao que parecem todas as teorias científicas são assim -, não passassem de leis-limites, no entanto, mesmo assim elas não conseguem ser complementares, ou até, em alguns momentos se conflitam entre si.
Não pretendo mostrar onde está a confirmação empírica e a exceção em cada uma delas, pois a questão que citei desde o início foi o direcionamento controlado por uma vontade em achar um resultado preconceituoso. Não precisa ser um filosofo do regimento da formação do conhecimento (que nem é explicado ainda) para perceber a falta de imparcialidade, ou, a falta de indiferença do observador que propõe um modelo para um dado evento. Este tem sido um dos primeiros postulados para a construção do conhecimento que, ao que me parece, é comum em todos os que trataram da questão epistemológica do pensamento. De Descartes com o exercício da dúvida, passando por Kant com seus limites estabelecidos à razão com a experiência, e ainda, sem citar mais outros, terminando em Hurssel invocando a psicologia em favor da inclusão do observador no evento na expectativa de universalizar o conhecimento forjado, as facetas supracitadas que estão faltando na proposta da unificação são mínimas diante da obscura questão da formação de um conhecimento genuíno; ou seja, ao que parece, estão querendo um fim maior com uma ferramenta que nem sabem como é em sua constituição inerente e nem o mínimo, que seria suas interações com outros entes.

Um físico new ager com sua holística esotérica não prejudicial a qualquer ateu materialista romântico, citado em outras postagens, chamado Frirjof Capra, se enquadra numa classe de cientistas que ele mesmo rotula de “os detentores do conhecimento supremo”, ou, “sacerdotes da natureza”. No entanto, esses “seres efêmeros”, mas “brilhantes”, muitas vezes soltam pérolas aladas que arrancam ovações dos mais leigos e deixam embasbacados os mais atentos. Stephen Hawking chegou a declarar que era preciso propor o que ele chama de um planejamento evolutivo. Segundo ele, é preciso direcionar a evolução humana para que o homem atinja graus mais elevados de intelecto, para que “coisas” presentes somente na ficção científica sejam inseridas na nossa realidade aparente em um futuro próximo. Chegou também a declarar, recentemente, que deveríamos parar de procurar por vida inteligente extraterrestre, pois há uma possibilidade de nossos “vizinhos” serem zangados e virem até nós comer nossas lavouras e depredar nosso planeta.
É lamentável ter de aceitar que Hawking propõe tais idéias diante do “nosso conhecimento de que ele tem conhecimento” de causa em questões que o impediriam de pensar assim. Inclusive, que impedem por que contradiz o que o mesmo já disse em obras publicadas. Para a primeira citação dele convém aludir ao conhecimento que ele mesmo tem das chamadas variáveis não-locais que influenciam os eventos das partículas elementares. Essa interpolação para o mecanismo evolutivo é lógico diante do nosso desconhecimento dos estágios naturais do nosso planeta, e ainda, dos fatores que direcionaram a suposta “não causalidade” à realidade conhecida e que foi registrada ao longo das eras. Quanto a segunda, é apenas uma declaração com o propósito de focalizar a mídia para si aproveitando da sua posição catedrática de sucessor de Newton na universidade de Cambridge. Hawking argumentou acerca do princípio antrópico em outras declarações com direito a fundamentação científica.
O parágrafo acima serviu apenas para demonstrar que, considerar qualquer declaração ou proposta de modelo para a realidade tendo em vista o quilate do sujeito que propõe, não o isenta das implicações epistemológicas impostas a sua proposta. E essas implicações se encaixaram bem no campo da unificação; talvez seja por isso que alguns são pessimistas quanto ao êxito da unificação, e eu diria, que isso se dá por causa dessa despreocupação com o que se pesquisa.
Esse post não teve intenção de propor um reparo a esse problema, até por que nenhum filósofo do conhecimento (coisa que não sou) conseguiu preencher tantas lacunas no que diz respeito às vias de construção do conhecimento. Particularmente, talvez por falta de conhecimento de causa, ainda não fui convencido de que nenhuma delas conseguiu propor um mecanismo satisfatório e confiável de se adquirir conhecimento. Continuo acreditando que a natureza é imperscrutável no que ela é de forma cabal. No entanto, a tão pedante ciência natural que deu ao homem o auto coroamento de entendedor da natureza, fez com que Wittgenstein declarasse que depois da ascensão quântica, só caberia a filosofia tratar o problema da linguagem. Fico sem entender o motivo de toda nossa soberba. Putz !!

Porque uma flor vaidosa faz aninhos

sexta-feira, 2 de outubro de 2009 | |


Inspirado no vigésimo aniversário, que é hoje, de uma flor vaidosa.


Por mais que nos digam que a vida pode ser regida por um destino, que está previamente traçado pelas mãos divinas ou pelas leis do universo, a impressão que temos é que esse mesmo é insólito, e que quando vivemos a nossa própria vida a impressão é que trafegamos curva após curva sem saber o que vem pela frente. Acho melhor assim. Seria trafegar pelas vias das curvas ou pelas vias das dúvidas da vida?
Quando compreendemos que a vida é assim, cheia de dúvidas ou de curvas, aprendemos a ter paciência apenas por esperar que a dúvida seja satisfeita, e é essa paciência que precisa existir entre as pessoas. Compreendendo que as escolhas erradas são passageiras e que para a palavra dita há um pedido de desculpas precedente de um perdão; que para a pedra lançada há uma força tangencial à trajetória e outra centrípeta ao centro da curva que faz a pedra voltar para o mesmo lugar; e para a chance perdida, ahhh!! esta existem as dúvidas e as curvas - a paciência aliada à esperança de que na próxima teremos uma oportunidade semelhante.

Apesar de sentirmos na pele o estrago provocado pelo tempo, recebemos a compensação disso nos anos que deixamos pra trás, na experiência e na probabilidade de errar cada vez menos, porque as curvas e as dúvidas passam a ser mais conhecidas. Há uma beleza no envelhecimento provocado pelo tempo. Como dizia um certo poeta:

“...a alma é movida pela saudade.”

Então, o que seria da saudade se não houvesse o tempo? Como ficaria a nostalgia?

A alma não seria movida, ficaria parada sem o tempo para movê-la, perdendo assim o sentido de existir.
Cada ano completado, é um ano perdido, mas é impulso ganhado para a alma que cada vez mais vai sendo movida pelo sentimento da saudade, ganhando aquele bom alimento nostálgico que nos faz olhar para os anos que se passaram com vontade de voltar e viver tudo novamente, fazendo-nos concluir assim que, de fato, existir valeu a pena.



PORQUE MEU BEM FAZ ANINHOS
Carlos Drummond de Andrade

Porque meu bem faz aninhos
um raio de sol dourado
entrelaçou mil carinhos
pelo céu, de lado a lado.

Um ramo de beijos ternos
balançava sobre os ninhos
entre miosótis eternos
porque meu bem faz aninhos.

Porque meu bem faz aninhos
o rei, o valete, a sota
mais a fada e os anõezinhos
dançaram samba e gavota.

A nuvem mais cor-de-rosa
enfeitiçou-se de gatinhos
de bigode à Rui Barbosa
porque meu bem faz aninhos.

Porque meu bem faz aninhos
eu ganhei um chocolate
que tinha sete gostinhos
todos do melhor quilate.

Hoje eu brinco, pulo, canto,
assim como os passarinhos,
e mais eu canto me encanto
porque meu bem faz aninhos.

Pra falar de amor... (1)

terça-feira, 25 de agosto de 2009 | |

Falar de amor pode ser uma das coisas mais fáceis para qualquer pessoa; seria possível passar horas e horas descrevendo as facetas do amor, justificando a necessidade de amar e audaciosamente demonstrando a insubordinação a qual nós estamos sujeitos. Mas o que ninguém conseguiria fazer, nem com mil anos de tempo, nem com o domínio de todas as palavras, nem muito menos com o auxílio de uma sofisticada matemática – levando em consideração a possibilidade de demonstração pelas vias da lógica - seria descrever o amor como ele de fato se apresenta e como o sentimos.

Descrever o ápice da embriaguez abstrata seria uma audácia que só poderia ser ansiada por um verdadeiro pedante. Mesmo assim é intrigante. O que é o amor? É aquela incontrolável necessidade do outro que parece mais uma rejeição de si mesmo e que só se farta quando o ser amado corresponde e dá sentido à palavra a que é atribuída essa sensação? É estranho por que na medida em que utilizamos as palavras elas soam vazias e insuficientes para descrever esse sentimento. Até a palavra “sentimento” é inapropriada. Talvez as palavras faltem, não existam para definir justamente por que o amor é um reflexo da nossa insuficiência; é um fato que se mostra quando nos enchemos de nós mesmos, na tentativa de completar o ego com uma natureza incompleta, e então... Ele se mostra e nos mostra que nós mesmos somos insuficientes no espaço fechado da nossa existência, e mesmo sem o nosso consentimento se faz real, e tão real que aperta o peito, faz um bolo na barriga e nos coloca diante da necessidade; faz-nos reconhecer que somos necessitados daquilo que amamos.

“Amar é querer estar perto se longe, e mais perto se perto”

Já dizia Vinicius de Moraes que utilizou a idéia cartesiana de espaço mensurável para tentar justificar o ato de amar. Querer estar perto se longe é obvio, mas querer estar mais perto cada vez que se está perto parece uma contradição; pode parecer impossível estar mais perto quando se está perto, mas é possível. Assim como se tornou possível dois corpos ocuparem o mesmo lugar no espaço. Se o amor torna o incompleto em completo, o insuficiente em suficiente, talvez Vinicius estivesse apenas tentando apresentar o ato de amar com palavras que nem mesmo ele sabia se serviriam; como já vimos anteriormente, não há palavras que possam expressar com veemência o amor e o “estar amando”.

Mas... O que é o amor? O efeito provocado, tendo ele como uma causa mesmo que abstrata, é facilmente identificado como já vimos. Alguns foram indiferentes ao romantismo na tentativa de definir o amor, como Raul Seixas, que dizia:

“O homem que não chora não ama, mas o que chora é um imbecil”

Ora... Se o homem que chora é um imbecil, e só quem chora é quem ama, então quem ama é um imbecil. Logo, o amor é uma grande imbecilidade. É difícil ter que reconhecer que o "nobre" Raul errou. Ele confundiu o amor com o sentimento da paixão, dessa forma é até incoerente tentar encaixar o termo “paixão” em sua frase, ficaria ridículo. Talvez o levássemos em consideração se ele tivesse declarado que a “paixão é uma imbecilidade”, simplesmente por que é notório observar mesmo que seja com um leve vento de coerência que a principal evidência de quem estar tomado de paixão, ou seja, de quem está apaixonado, é o “abobalhamento”.

Quem nunca ouviu a máxima que diz: “o amor é cego”. Rubem Alvez diz que, não é o amor que é cego, é a paixão. E eu concordo com ele. O apaixonado fica bobo, besta, cego, apedeuta, tosco e irracionalmente aéreo. O amor não, é sentido como um paradoxo entre a força da evidência do que se sente e da maleabilidade do sentimento ante as necessidades do ser amado; para suprir a necessidade que o amor possui de se doar, de expandir. Os amores não se contem em si mesmo, só acontece de um para o outro na condição de uma recíproca incontestavelmente verdadeira.

Há também os mais pessimistas, como o Cazuza, declarando:

“O amor é o ridículo da vida, agente procura nele uma beleza impossível, uma pureza que está sempre se pondo... Indo embora”

Uma beleza impossível? A beleza não é uma possibilidade no amor, não é uma questão determinada por probabilidades e, se não houver beleza no amor esse amor deixa de ser amor e passa a ser qualquer outra coisa. Mas quanto à pureza, realmente é um termo questionável diante da existência de algo puro; mas quando olhamos o amor por intermédio da ótica que mostra a característica de constância, faceta acondicionada ao tempo, podemos também atribuir ao amor a pureza - visto que a pureza é a plenitude do ideal. Enfim... Esse aí também errou.

É fácil notar que até agora não conseguimos definir o amor, a medida que tentamos facilmente nos perdemos em meio a conceitos e nas influências dos efeitos produzidos por ele. As duas tentativas que definiram o amor, como uma imbecilidade, e uma característica ridícula da vida, foram facilmente refutadas simplesmente utilizando os efeitos produzidos por ele.

É como no início foi demonstrado, falar dele é fácil, difícil é defini-lo. Quem sabe em outro momento tenhamos a maturidade de chegar a conclusão do que é isso, e por que é isso, e pra que existe.

Fracasso... Culpa de Bernoulli

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A muito tempo ouvi alguém dizendo assim:

“O fracasso é uma nova oportunidade de começarmos tudo de novo, mas com inteligência”.

Desde então, a cada fracasso, eu começava de novo, se com inteligência ou não, é uma outra história, mas o resultado tinha que ser diferente.

O fracasso quando visto em diferentes posições no tempo provoca diferentes sensações, o fracasso do futuro, dá medo, apesar de ser apenas uma possibilidade em que se pode estar inserido em um contexto de diferentes proporções como, fracasso, sucesso, “quase fracasso”, “quase sucesso”; é a prova de que nem sempre a ação resulta de uma reação. Mas aí podemos pensar assim, “não, ouve sim uma reação, fracassada, mas ouve”, concordo, mas não foi a reação programada, idealizada ou projetada.

Penso que, fracassar não é errar, mas é não fazer a coisa certa. E não fazer a coisa certa é um erro? É sim, mas não é erro para o “fracassar”. Não vou explicar isso. O fato é que a simples consciência de que a bola do fracasso está dentro da caixa das probabilidades, nos dá medo, o mais otimista pensa que ela é “apenas” uma possibilidade; o realista a vê como provável, e considerável; o pessimista, como quase um fato (acho que oscilo entre o realista e o pessimista).

Más a posição no tempo muda a sensação ante o fracasso, o fracasso do passado mostra que mesmo ele estando lá, ficando lá, é só mais uma experiência, e ai sim outra experiência no presente funciona como um “dejavu”, para que o fracasso no presente não aconteça e o do futuro esteja em uma freqüência ainda menor dentro das distribuições de probabilidades.

Lembrei agora da distribuição de probabilidade de Bernolli, em que o evento só possui duas sentenças, verdadeiro ou falso, ou seja, fracasso ou sucesso. Fico pensando, quem foi que o encorajou a demonstrar matematicamente um evento que é e não é nos diferenciais do tempo, e quando não é, é tido apenas como uma possibilidade que não foi, mas na matemática o que probabilisticamente não é, está lá na equação, que existe, a equação existe. Usando a causalidade, o efeito é que Bernolli não demonstrou com equações, o efeito da insuficiência, a evidência da natureza limitada que nos joga dentro da temporalidade quando na consciência, a sensação é de eternidade, em que estar, é simplesmente ser. Mas esse “ser”, que a todo instante nós sentimos, é especialista em enganar. Pensei agora: “mas tem que ser assim”, para que estejamos plantados, enraizados e fundamentados no presente, que o passado seja movido pela saudade e o futuro pela esperança.

Graças a Deus o fracasso está inserido no tempo, pois mesmo doendo no presente, dando medo no futuro, no passado, visto de longe, ele é agradável; o problema é que o efeito, usando novamente a causalidade, é que é atemporal, por que se não for efeito da causa “passado”, é efeito permanente da causa “tempo”.

A apoteose de Michellangelo

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A bela pintura de Michellangelo, que retrata a criação do homem nos ensina e resume toda a argüição do movimento, mostra Deus, com seu dedo indicador onipotente estendido, causador primário de todas as coisas e motor de partida de um universo supostamente expansivo e entrópico. E mostra a criatura, o homem, com seu dedo também indicador, porém temporal, mensurável e material, numa tentativa desesperada de toque que foi eternizada pelo pintor no instante em que uma distância completamente nítida foi compreendida pelo gênio italiano.

A justa distância entre os dedos constituídos de duas existências opostas, uma material, e outra imaterial, é determinada pelo próprio Criador, e não pelo pintor, pois pelo pintor ela foi compreendida e demonstrada de forma pictórica. A genialidade dos traços, a textura das tintas e resinas, e até mesmo a apoteose da criatividade do pintor, se tornam meros detalhes coadjuvantes diante do significado daquele espaço bidimensionalmente percebido por nossos olhos, mas que é a essência da nossa existência casual, é a transmudação da fé. O evento real concebido na mente do pintor não era estático como na pintura, ele era movimento, as posições fluíam e a plenitude do relacionamento era inevitável, ocorria o toque, que era a concepção de um anseio humano e a realização do sublime projeto do Criador, mas a cena foi interrompida e jogada na estática eternidade do retrato, não pôde haver toque.

O movimento (que agora é a mudança de posição dos dois corpos), na tela é repouso, para que a natureza dos atores fosse preservada e a realidade continuasse a se comportar como ela é (pelo menos segundo Heráclito), fluida, em movimento (que agora não é a mudança de posições, mas a mudança de realidade), ou seja, determinada pela luta dos opostos. No humano, a matéria criada, condicionada à força do tempo, cheia de formas e volumes; no Criador, a imaterialidade, espectador da esfera do tempo, informe e não contido em qualquer espaço tangível pela mente humana. E a justa distância que aparentemente não é aplicável ao sistema heraclitiano, por, em princípio, não haver oposto para executar sua eterna luta, é simplesmente degenerada quando o espaço que separava a criatura e o Criador concebe e mostra o seu adversário (e Heráclito continua certo), se transformando no ato idealizado desde os tempos eternos, o toque, a ausência daquele oticamente mensurável espaço que separava a ambos, que é a tão humanamente irracional, fé.

Prefácio para a apoteose

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Movimento... Sem utilizar de um referencial inercial para classificar um fenômeno tão intrínseco da realidade, e tão trivial que o desencadeamento de eventos acaba por tornar a atenção ao evento mais cautelosa uma ação não menos que irrisória, a observação que quero me voltar não é para a mudança de posição em si, que caracteriza o movimento, é para o movimento da realidade, para a fluidez.

A antiga declaração, “tudo flui”, que é a afirmação mais conhecida de Heráclito de Éfeso, e um dos pilares do seu sistema filosófico, se refere exatamente à realidade. A realidade flui, é mutável, está em movimento, o que não lembram é que essa fluidez é o produto da luta, e que essa luta ocorre somente entre divergentes, uma mútua divergência, e isso foi proposto pelo próprio Heráclito. Mas o fato é que, esse detalhe é como o nosso próprio nome pronunciado por nós mesmo, justamente por que faz parte da nossa realidade cotidiana, é normal, mas não deixa de ser admirável, e quando observado com mais rigor de detalhes, descobrimos realmente o óbvio, a luta existe, está lá, mas inevitavelmente é trivial.

É na luta dos contrários que a realidade se mostra, o quente e o frio, o bem e o mal, o amor e ódio, a dor e o prazer, a fé e a descrença. Não quero aqui tentar provar o sistema de Heráclito, seria pretensioso da minha parte, deixo isso para os parmenesianos. A realidade possui efeitos constantemente presentes que chegamos a acreditar que eles são tão naturais como o ato de respirar, pois para alguns crer é tão natural quanto respirar. O que o movimento da realidade na sua fluidez, nos demonstra na luta dos opostos, é que a fé existe por que a descrença também existe, enquanto em alguns casos tende ao inatismo, em outros ela vem pela experiência, é posteriori. Uma canção chamada contrários, de Fábio de Melo, diz algo parecido, “só quem pôde duvidar, pôde enfim acreditar”, o que me dá espaço para citar um grande filósofo cristão, Gilbert K. Chesterton que dizia, “para o insano a insanidade é totalmente prosaica, por que é totalmente verdadeira... a poesia mais louca da insanidade só pode ser apreciada por quem é sensato”, e assim utilizar das suas palavras para expor de forma mais elegante a luta cantada na canção: para o descrente a descrença é totalmente prosaica, por que é totalmente verdadeira... a poesia mais irracional e materialista (empírica) da descrença só pode ser apreciada por quem é crente.

Como em toda realidade, o conflito é inevitável, a fé milita com a dúvida, pois utilizando do conceito de fé que é, “a certeza das coisas que não se vêem, mas se esperam” testificando que ter fé é ter certeza, e não esperança ou estímulo mental positivo como fazem os orientais, resta-nos a dúvida, descrença, para completar mais um duplo potencial de evento, justificando o movimento. São os extremos de uma corda, ou os dois pontos coordenados em um sistema cartesiano, ou os extremos de uma cisão na curva de uma função descontínua em uma equação não diferencial.